domingo, 25 de outubro de 2009

Ana Carolina (II)

(Diego El Khouri)

Perdeste o gosto da rola
quando abocanhas língua colérica.
São duas meninas; é correto afirmar
que a pele arde, que o desejo é nobre

o ventre forte, o gozo enorme.
São duas meninas (isso eu já sei).
Não se amam, não se querem, só se desejam
apertadas em um soneto plebeu

abocanhando clítores expostos
em camas de albergues fúnebres...
Estão alí, bem alí

rindo da minha cara, me chamando
de otário. São lindas, ainda mais quando
esporro na boca da primeira vadia.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Poema das 21 horas

(Jorginho A. Rocha)

Hoje,estou sozinho pensando,
sozinho acompanhando eu mesmo,
um copo de vinho pra mim e um pra mim também,
mas desculpa,não posso beber,
tenho um veneno pra tomar,
um veneno que vai me fazer bem,
e pensar que esperei por isso grande parte da minha vida,
agora vejo que estou sozinho,
eu sozinho comigo mesmo,
degustando mais dois comprimidos por noite,
escutando alguém falando de religião,
e cantando religião,
mas preocupado com o volume do microfone,
falando coisa com coisa,
é isso que eu não gosto,
acho que perdi um amor por isso,
meu pai escuta música,minha mãe vê televisão,
eu sinto meus lábios ressecados,
meus amigos estão na noite,se divertindo talvez,
e eu estou mais uma vez sozinho comigo mesmo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Vasta noite


(Diego El Khouri)

Chego em casa a noite fatigado.
Ligo a televisão... nada vejo.
São apenas vozes e sexos que transparecem
no olho cego do desejo.

Depois de muita abobrinha
renego estupefato à toda mediocridade
que a mídia vem e nos reclama
e releio Rimbaud com o corpo em chamas.

Pronto. - invadimos madrugada a dentro
numa solitude inconformada.
E há muito pouco a fazer:

escrever um poema, um soneto
antes que a manhã venha
e destrua meu castelo de areia.
04,09,2007

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Sem título


(Diego El Khouri)

Luar cheio de estrelas, de estrelas cintilantes.
Corpo nu deflorado, mergulhado
Em gozo líquido de paixão.
Estrelas sexuais, flores e canções.

Bucetas rancorosas, choro contido.
A gargalhada que escapa toda vez
Que a tez branca encosta no falo
Chorando em desespero longe do abrigo.

Não existe Morte, Deus, Vazio.
Só meu pau na tua boca,
A risada frenética que não pára...

Educado numa escola neo platônica
Esqueço tudo, renego todos.
Resta apenas o orgasmo e o nosso sufoco.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sem ouvido que escute

[Ivan Silva]
Gostaria de um prego
pra enterrar-lhe em minha mão
gritar e soltar os tímpanos
sem saber: quem o era ou não

Cerrados os lados dos lábios
pra não sair-lhe meio sangue
De toda cor já descorado,
Gritar pra ser descarado

Desmascarado se quer sem dor
"Revela o risco", que tenho com isso?!
enfincar e enfincar, varar!...

Pois é isso que acontece
traçar a mão de seu de repente:
ouvir o grito do próprio grito.