(Por Diego El Khouri)
pela longa estrada dos amores
a cereja translúcida, a maçã-tesão
o aroma bucólico-íntimo
se lançam em meus lábios
todas as vezes que passo
nas raízes brutais
das voluptuosas carnes
que se transformam em fogo
tempestade poética
toda dança que incita
e excita
as estradas dos amores
num campo aberto de delírio
o êxtase-damasco
no vermelho lábio, quente
entre as pernas da musa
floresce mil campos de flores
que se fazem cama, orgasmo
para a cristalidade dionisíaca do amor
musa fatal que me faz ser poesia
e cria luzes orgíacas nos olhos vermelhos
dentro da íris diáfana
no calor intenso
que o sol já queimou
me esquenta em teu colo
esfrega tua vulva em minha face
a poesia me atravessou de fato
farto estava do mundo comum
e rompi céus, estrelas
lancei do mapa o rato ordinário
aquele que me travava os passos
se perdeu nas zonas banais
(verme sem rumo)
cá estou dentro do teu corpo
encaixado e louco
você dentro de minha mente
rainha intensa
quero te sempre nua
nesse banquete a dois
ardendo em febre
sempre seu bardo louco
questionador do mundo
“ a lira do delírio cambaleia
entre os fantasmas”
da velha fantasia
ouço os passos alucinados
de john
coltrane, nick drake, miles davis
e a explosão báquica de lautreamónt
que se confunde com desregramentos rimbaudianos
vejo muito além do que a maioria vê
o despertar filosofal
a sabedoria dos que atravessam pontes
vento suave, tempestades terríveis
só há carros barulhentos na minha alma
carros que berram e poluem
serei o cego que dirige
e ultrapassa feridas em alta velocidade
a corrente ígnea que se rebentou
me sonda, sempre à espreita...
observa fagueira
os barquinhos de papel
que lanço ao mar
rabiscados de poesias inúteis
e algumas frases roubadas
“longe o alvo, e perto a seta”
Sua poesia resgata o felino
Que há em cada um de nós
gladiadores sem nenhuma ordem
(sociedade-rivotril)
o arrepio na nuca-vertigem
é porque estou aqui
e você está aqui
desnudos na freguesia
no seu quarto desnudo
nas maçãs quentes do desejo
chupando sem medo
a beleza sublime-infernal