(Desenho e poema: Diego EL Khouri)
barcos sem morada por vezes me beijam
esperando que os últimos dentes caiam
que a tempestade siga seu ciclo
retratos se debrucem sobre mesas
e eu permaneça como sempre só
só sem dominar meu corpo, minha alma
sem entender o mapa e as simples carícias
que fazem nossa mortalidade abrigo
sonhar, pensar, mirar estrelas
sem que o corpo faça parte dessa fantasia
decerto abismo o que a poesia trás
em mim jaz um amigo
alguns dentes e olhares perdidos
(agora me sujei em teu olhar)
o amor é perecivel como o tempo
copos na mesa apoiam retratos
que deveriam estar virados
me sinto pó, irremediavelmente só
do outro lado da colina
aonde Antonin Artaud
me espera com flores e delírios
espera que os dentes caiam
a miséria venha logo
e não me engane
com o oposto lado da vitória
nove anos se passaram
desde aqueles cortes
muitos terremotos
pulverizaram meus poros
amores beberam de meu sêmen
e várias pancadas
formaram pares com meu peito
irmãos vivem do salário minguado
escravos modernos
chamados destroços humanos
já fui ruínas, migalhas, fezes
hoje pedra que se forma
na união de outras pedras
no abraço de outros corpos
no encontro de outras almas
no aprendizado,na aurora
"onde padeço angústia"
cosmos, furacão, armas, revolta
minhas vistas enxergam o futuro
que é passado
se digo que sou pedra que rola
o que dizer desses dias
que não se movem
ou dessas mulheres
que parem vermes
sonhando colher lindas flores?
o que dizer da vida
o que pensar dos amores?
março, 2013
sábado, 20 de julho de 2013
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