Na ponta de
meus olhos
deixei a febre estampada
de minha loucura
e apenas abro os braços
inúteis de meu campo
que é a miragem doce e vulgar
que presenteio aos tolos,
ordinários, bêbados e mesquinhos
com a fábrica extraordinária da poesia
extraída de uma intensa vida
que rápido se vai...
Sofro, bebo, xingo
e consumo um, dois, três amores...
- não me limito ao abismo -
existo, insisto, bebo,
finjo, minto, falo, penso,
olho, grito, bebo, sinto, renego,
deleito, me deito ao simples toque
do beijo que anuncia madrugadas
sofro toque (genética doentia)
sinto dores, drogas, nuvens,
suspiros, carinhos, desejos, flores...
Ah que linda noite essa que delineio
em cima de fomes suicidas
e tormentos de primeira classe
na solidão socialista!
há uma menina que sorri
ao meu lado
mil portas, mil bares
no coração da alegria exaltada!
E choro, grito, berro por fora e por dentro...
Que existência estranha é essa!
Que praia linda ainda a se formar
nessa alma arisca, louca e destrambelhada
que estraga tudo nos momentos cruciais!
Convulsões, delírios, espasmos
na madrugada infinda...
"Mas não, não cante comigo"
esse cântico de agonia!
pois é o meu verso
que me mantém vivo
e a poesia o único crime
que não cessa de criar castigos!
Não me calo! Não me entrego! não me sujo!
Ouçam!
Não me calo! Não me entrego! não me sujo!
Outubro, 2012
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