sábado, 20 de julho de 2013

NO CRISTAL AZUL QUE TRAGO EM MEU PEITO...



(Por Diego EL Khouri)



Que jamais se perceba
Umas gotas de sangue na gravura.
Hilda Hist

 no cristal azul que trago em meu peito

e nas pedras fúteis das ruínas também azuis

o sangue monumental das paisagens me subtraem

tolhem membros que precisam caminhar

arrasam plantações no centro do país

lançam corpos ingênuos na trincheira capital

e nas praias vermelhas onde o amor reside

  o mar insiste em secar

 

o que falar do azul celeste

e dessa roupa que cobre teu corpo?

o cetim dourado das manhãs límpidas

se perdeu na pintura de texturas estranhas

 

entranhas precisam de bocas para se esfregarem

línguas penetram fundo

no grelo da vida no mar

iceberg

cidades em escombros

tóxicas correntes de venenos

bílis fugitiva

/grudada

no quadro vivo de minha poesia

que exalam xingos e uivos

 

(peitos e bundas fazem parte da festa)

 

 

sem vínculo com neurônios comprados

ou partidarismo tolo de comunistas-nike

as estrelas azuis se mostram azuis

numa luz que nenhum ariano consegue alcançar

 

sol vermelho-ouro, tempestade-vulcão

a chama mais sacana

e corajosa que se encontra nesse palco

 

ato falho meu peito sente

e  folhas secas caem no colo
no turbilhão feroz que chamam Morte

 o veneno-ópio

se digladia na cara dos acadêmicos

 desavisados

 

e eu vejo sangue

e  estrelas

 o mar

 o céu

 

carne podre

doirados  pelos

-- tic tac insuportável --
a música não pára

 

o morto caminha

sangue se esvai

tempo se morde

 

a chama vítrea que busco

o olhar que incandesço

me ferve e busca no enredo

da praça dos delirantes

uma forma de fugir e sumir

levando consigo

todos os presentes brilhantes

 as cores na palheta

onde represento pinturas de gosto vulgar

 

frases pichadas nos muros

janelas alheias quebradas

redemoinhos espalhados

por todos os lados

sexo na frente  dos guardas

 

na infância o tiro 
no futuro o passado

 

quantas vezes desafiei autoridades

pelo simples perigo de  sentir-se “além-homem”

como Nietzsche falava?

 

agora mais silêncio que grito

mais sono

(abismo)

 

Janelas coloridas

mergulham no conhaque

a raiva de ser poeta

e não palhaço

 

a noite se afasta

me persegue demônios

uivando para a  lua

a leveza e o olhar

 

um conhaque prateado

de  glóbulos quentes

entre a noite e o paladar

beija o que é belo e puro

e estrelas, estrelas

se esfregam em cus,

bucetas e falos

sentam, rezam

mas não se calam

 

olham, penetram

gargalham

sentam, rezam

não se calam

 

o tiro certo

a palavra errada

 o sonho inquieto

a nova miragem...

vomitar (!)

 

vomitar

pássaros no céu

com asas e tudo

dentes de raiva


cotovia assassina
bala perdida
 AR 15 
 poesia

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