(Por Diego EL Khouri)
Que jamais se perceba
Umas gotas de sangue na gravura.
Hilda
Hist
no
cristal azul que trago em meu peito
e
nas pedras fúteis das ruínas também azuis
o
sangue monumental das paisagens me subtraem
tolhem
membros que precisam caminhar
arrasam
plantações no centro do país
lançam
corpos ingênuos na trincheira capital
e
nas praias vermelhas onde o amor reside
o
mar insiste em secar
o
que falar do azul celeste
e
dessa roupa que cobre teu corpo?
o
cetim dourado das manhãs límpidas
se
perdeu na pintura de texturas estranhas
entranhas
precisam de bocas para se esfregarem
línguas
penetram fundo
no
grelo da vida no mar
iceberg
cidades
em escombros
tóxicas
correntes de venenos
bílis
fugitiva
/grudada
no
quadro vivo de minha poesia
que
exalam xingos e uivos
(peitos
e bundas fazem parte da festa)
sem
vínculo com neurônios comprados
ou
partidarismo tolo de comunistas-nike
as
estrelas azuis se mostram azuis
numa
luz que nenhum ariano consegue alcançar
sol
vermelho-ouro, tempestade-vulcão
a
chama mais sacana
e
corajosa que se encontra nesse palco
ato
falho meu peito sente
e
folhas secas caem no colo
no
turbilhão feroz que chamam Morte
o veneno-ópio
se
digladia na cara dos acadêmicos
desavisados
e
eu vejo sangue
e
estrelas
o
mar
o
céu
carne
podre
doirados
pelos
-- tic
tac insuportável --
a música
não pára
o
morto caminha
sangue
se esvai
tempo
se morde
a
chama vítrea que busco
o
olhar que incandesço
me
ferve e busca no enredo
da
praça dos delirantes
uma
forma de fugir e sumir
levando
consigo
todos
os presentes brilhantes
as
cores na palheta
onde
represento pinturas de gosto vulgar
frases
pichadas nos muros
janelas
alheias quebradas
redemoinhos
espalhados
por
todos os lados
sexo
na frente dos guardas
na
infância o tiro
no futuro
o passado
quantas
vezes desafiei autoridades
pelo
simples perigo de sentir-se “além-homem”
como
Nietzsche falava?
agora
mais silêncio que grito
mais
sono
(abismo)
Janelas
coloridas
mergulham
no conhaque
a
raiva de ser poeta
e
não palhaço
a
noite se afasta
me
persegue demônios
uivando
para a lua
a
leveza e o olhar
um
conhaque prateado
de glóbulos
quentes
entre
a noite e o paladar
beija
o que é belo e puro
e
estrelas, estrelas
se
esfregam em cus,
bucetas
e falos
sentam,
rezam
mas
não se calam
olham,
penetram
gargalham
sentam, rezam
não se
calam
o
tiro certo
a
palavra errada
o
sonho inquieto
a nova miragem...
vomitar
(!)
vomitar
pássaros
no céu
com
asas e tudo
dentes
de raiva
cotovia
assassina
bala
perdida
AR
15
poesia
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